O gigante ‘desconhecido’ da saúde popular que já fatura mais de R$ 3 bilhões
- Gotcha Brasil
- 18 de set.
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de nov.
Grupo por trás das clínicas AmorSaúde e do Cartão de Todos foi fundado por ex-sindicalista

Clínicas populares frequentaram capas de revistas de negócios e rodadas de investimento milionárias nos últimos anos. Mas a história da maior companhia do segmento — com 394 unidades em todos os estados e um cartão de descontos com 5,9 milhões de famílias cadastradas — é quase o avesso desse hype.
Fundado há 21 anos por um ex-presidente do sindicato de metalúrgicos de Ipatinga (MG), o grupo por trás das clínicas AmorSaúde e do Cartão de Todos faturou R$ 3,2 bilhões no ano passado praticamente longe dos holofotes e rejeitando propostas de fundos de investimento. Agora, quer mais que dobrar de tamanho até o fim do ano que vem.
O Grupo Cartão de Todos surgiu da visita de Altair Vilar — então metalúrgico e que, posteriormente, se elegeria vereador pelo PT — à Alemanha no fim dos anos 1990. Inspirado no sistema de saúde de lá, o engenheiro resolveu criar uma clínica popular. Inicialmente, o negócio serviria aos próprios metalúrgicos, mas evoluiu para atender o público das classes C e D no Sudeste por meio de franquias. O ponto de inflexão veio em 2016.
— O mercado de clínicas populares estava em voga, era como paleteria mexicana (risos). Vimos que a gente fazia tudo o que aqueles grupos se propunham a fazer. Foi quando adotamos a marca AmorSaúde para as franquias e começamos a expansão — diz Ícaro Vilar, CEO da AmorSaúde e filho do meio de Altair.
Cirurgias
Hoje, há unidades em todas as cidades com mais de 150 mil habitantes. As consultas custam a partir de R$ 24 para quem tem o cartão de descontos do grupo e R$ 40 (primeira consulta) no particular. A rede também oferece odontologia e exames, e o número de atendimentos por mês já ultrapassa 1,7 milhão.
O Cartão de Todos dá descontos nas consultas da AmorSaúde, em medicamentos na RaiaDrogasil e até em botijão de gás (com a Ultragaz). O cartão tem 5,9 milhões de famílias ativas — abarcando mais de 8% da população brasileira.
Agora, o grupo se prepara para entrar no segmento de cirurgias, atacando aquelas que respondem por metade da fila do SUS: catarata, amígdala, vesícula, hérnia e varizes. Já há um piloto em SP e MG, e a ideia é chegar a 12 mil cirurgias por mês em meados de 2024.
—Esse público não tem plano de saúde, e os preços particulares são proibitivos. Então, a única opção hoje é o SUS — acrescenta Ícaro Vilar.
Rumo aos EUA
O plano de expansão é agressivo. A empresa quer terminar o próximo ano com mil clínicas populares e 8 milhões de famílias no cartão. A companhia também está acelerando seus planos internacionais.
— Demos o primeiro passo entrando na Colômbia, onde já temos 13 unidades. Nosso próximos alvos são Chile, México e EUA — diz Tales Altair, primogênito e responsável pelo Cartão de Todos.
Ele admite que a inflação é um desafio, mas descarta recorrer a capital externo:
— Uma diretriz do que meu pai chama de administração solidária é precificação mínima. Não temos o hábito de reajustar os preços a cada ano. Isso sacrifica margens, mas ganhamos no volume e somos lucrativos. Mas seria difícil adotar a estratégia com investidores externos.
Fonte: O Globo



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